A questão sobre a educação inclusiva, além de
despertar a atenção à diversidade, tem sido alvo de grandes debates no sentido
de minimizar o antagonismo entre igualdade e diferença, aproximando os
diferentes segmentos sociais, mais especificamente, as instituições
educacionais, numa amplitude que se estende da Educação Infantil as
universidades.
A justificativa da falta de orientação e/ou formação
adequada, para assumir a Educação Infantil, das crianças com necessidades
educacionais especiais, deve ser redimensionada não se configurando mais como
desculpa, ou mesmo, fator impeditivo, para o ingresso destas, nas instituições
responsáveis pela educação da primeira infância, dando respaldo para que não se
instaure um processo de discriminação, desfavorecedor da inclusão a partir da
mais tenra idade.
Embora a legislação determine a inclusão para todos,
com direito à educação de qualidade, o que se constata na prática, diverge
muito desta paradigmaticidade que emerge na sociedade contemporânea, tão
carente de atitudes altruísticas, contradizendo as prerrogativas decorrentes
das políticas públicas que se estabelecem de modo intrínseco, com a Declaração
Mundial de Educação para Todos, firmada em Jomtien, na Tailândia em 1990, com a
Declaração de Salamanca de 1994, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional 9394, promulgada em dezembro de 1996, com os Parâmetros
Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares de 1999, com as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica de 2001, bem
com o documento Estratégias e Orientações Pedagógicas para a Educação de
Crianças com Necessidades Educacionais Especiais: Educação Infantil de 2002.
Considerando estas nuances este trabalho sintetiza o
esforço para sistematizar e socializar o resultado de uma pesquisa cujo
objetivo foi investigar as representações de cinco coordenadoras de CMEIs,
referentes à inclusão de crianças com necessidades educacionaisespeciais, da
região de Irati, interior do Estado do Paraná, as quais foram selecionadas
aleatoriamente de conformidade com a disponibilidade para participar da
investigação.
Dessa forma no decurso da pesquisa teve-se por
finalidade avaliar o compromisso educacional dos profissionais sujeitos da
pesquisa com a dinâmica inclusiva, sendo duas coordenadoras do município
iratiense e três de municípios do entorno. Assim, os dados foram levantados
utilizando-se como instrumentos de coleta de dados, visitas aos centros,
observações, entrevistas e diálogo intencional, no sentido de constatar o enfoque
das construções da representação social da criança com necessidades especiais e
da educação inclusiva, no universo das instituições destinadas à Educação
Infantil.
As representações sociais que os educadores tem da
educação inclusiva, bem como de crianças com necessidades especiais entre 0 e 6
anos de idade, interfere no tipo de apropriação que fazem ao serem confrontados
com os conhecimentos sistematizados e científicos durante seu processo de
formação escolar inicial e em serviço. Assim, estas representações influenciam
também a formação de sua identidade profissional e, em conseqüência, suas ações
e condutas educativas no âmbito das instituições de Educação Infantil.
O paradigma da inclusão instiga a convivência com a
diversidade e à reflexão sobre o papel da escola, razão pela qual os CMEIs
precisam buscar formas adequadas para favorecera autenticidade de um trabalho
pedagógico expressivo considerando o contexto multicultural de suas crianças.
para que haja maior avanço no processo educativo da criança com necessidade
educacional especial, acredita-se que um fator de suma importância seja a
contribuição dos pais. Eles podem contribuir de modo significativo nesta
proposta, em defesa do direito da criança inserida e integrada, de aprender, de
participar, lutando para que sejam criadas condições de plena inclusão, de fato
e de direito.
A parceria da família com o CMEI, abre espaço para
que os pais tenham oportunidade de multiplicar o muito que sabem sobre seus
filhos com necessidades educacionais especiais, explicitando não só os fatos
que se sucedem, mas principalmente, as relações que estabelecem mediante um
contexto que ainda precisa ser melhor desmistificado pelos educadores que se
justificam por não ter domínio de tal situação. Diante desta situação estes
profissionais devem reconhecer a carência de saberes e buscá-los com urgência,
onde acreditam poder encontrá-los, pois a pesquisa é o procedimento essencial
para instrumentalizar o educador, além de tratar-se de um compromisso
profissional.
A educação da criança com necessidades educacionais
especiais, no decorrer de todas as épocas e, em especial na contemporaneidade,
tem sido alvo de acirradas discussões pelas políticas educacionais e pelos
estudiosos desta importante temática, no sentido de propor alternativas
educacionais mais ajustadas e condizentes à natureza e ao interesse desta
população infantil. As ações dos educadores, por sua vez nem sempre estão
voltadas explicitamente à transformação da modalidade de interações,
priorizando condições pedagógicas que garantam o desabrochar de seus talentos
e, a emancipação de seu potencial, buscando desta forma, considerar suas
características pessoais em atenção à diversidade.
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